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sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Presente para os SEGUIDORES do BLOG

 Olá pessoal!!!

Demoramos para nova postagem apesar das LIVES,  dos ENCONTROS,  das PALESTRAS  e alguns CURSOS GRATUITOS que rolaram nas redes sociais. E depois desse tempo todo não dava pra ser qualquer postagem, concordam? 

Não trouxemos uma animação mas algumas visões sobre algumas animações e uma dica de como o contexto histórico delas podem ser encontradas quando nos utilizamos das Ciencias Humanas e suas tecnologias, como falam os especialistas em educação escolar.  

Mas essa postagem é todo (a) qualquer cinéfilo por desenhos animados. Então, brindem sua leitura com duas ideias e aproveitem o texto. 

(Fonte: https://www.oficinadanet.com.br/disney-plus/36158-disney-ordem-correta-para-assistir-os-filmes-da-pixar. Acesso em: 23, set, 2021)

O capítulo 3 do livro O mundo do trabalho através do cinema de animação – volume 1

CINEMA DE ANIMAÇÃO: ENTRETENIMENTO E IDEOLOGIA DO CAPITAL NA FORMAÇÃO INFANTO-JUVENIL[1]


A intenção desse capítulo é propor reflexões iniciais sobre as obras de animação, particularmente as produzidas nos Estados Unidos da América (EUA) e suas mensagens a certo tipo de público: infanto-juvenil, na virada do século XX para o XXI.

Quando pensamos em cinema de animação ou no consumo dessa forma de produção é comum imaginar que este é um dos poucos momentos que a família - todos em qualquer idade – possa aproveitar instantes de lazer e, às vezes, cultura com censura livre e sem preocupações. Mas podemos mesmo ter consentimento inanimado diante do animado?  Como e o que as produções cinematográficas, em particular as de animação, têm apresentado sobre o mundo do trabalho e suas relações para as crianças? É possível desvelar nos conceitos abordados e apresentados nessas obras os interesses e objetivos na formação de um tipo de cidadão? Que papel e importância devem ser dadas ao cinema de animação dentro da História do Cinema? Esse tipo de produção está voltado ao lazer ingênuo e despretensioso ou pode ser visto dentro de um contexto histórico com influência social, política, ideológica e cultural?

São inúmeros os questionamentos que podemos fazer na busca de compreender a dialética do entretenimento e a mensagem explícita e, sobretudo, implícita que invade as relações sociais na sua dimensão afetiva e particular, mais, especificamente, nos lares e, no caso do cinema de animação, na formação infanto-juvenil, já que este atua como um importante substrato cultural e até mesmo em modelos. É comum observar os comportamentos de crianças e adolescentes embasados em algum modelo de “herói”, construído a partir da interiorização de caricatura de determinados personagens.

Assim quando o espectador - que preferimos usar o termo sujeito-receptor – pretende de forma consistente e embasada realizar uma análise critica persuasiva desse tipo de obra deve ampliar seu conhecimento e olhar sobre cinema (incluindo o de animação)  envolvendo sua história, produções, época, custos, gêneros, etc. para que se instrumentalize dos elementos que possibilitem a análise e síntese, e dessa forma se afaste do perigo da manipulação.

Quando falamos ou pensamos em cinema, em geral, a primeira imagem que vem a mente da maioria é o tapete vermelho, holofotes, paparazzos, fotógrafos de revistas e jornais, fãs e, entre outros, o glamour do mundo da fama. E é isso mesmo que ocorre/existe numa indústria liderada por Hollywood que além de monopolizar o mercado de entretenimento e produção cultural e fílmica, procura padronizar vidas e sonhos. 

Mas o cinema é muito mais que lucro, deslocalização/relocalização nas produções, vendas de réplicas de produções, informática (internet), DVDs... e sua utilidade social é dispare e discutível.

O filme tem se tornado um importante mecanismo tanto para a internalização de determinada ideologia quanto para o seu questionamento ou desvendamento. Interessa destacar o seu uso como interpelação, explicação ou contra-posição a determinada realidade. Nesse sentido, autentica experiência brasileira vem sendo desenvolvida pelo Professor Giovanni Alves, da UNESP de Marília, que por meio da análise crítica de filmes, tem dissecado os dramas que dissertam acerca do mundo do trabalho e mostrado como é possível fazer o uso do cinema no processo de formação acadêmica e também de lideranças sociais e políticas.  Dessa maneira, a partir da participação no projeto Tela Crítica[1], desenvolvido por Alves, temos trabalhado em sala-de-aula, especificamente, com alunos do Ensino Médio, as análises de filme, que versam sobre os temas pertinentes ao mundo do trabalho capitalista na formação e preparo para o mercado de trabalho. Buscamos identificar e discutir -numa perspectiva crítica - os conceitos ideológicos apresentados (e impostos) pelos filmes, que apesar de voltados ao público infanto-juvenil, são carregados da ideologia da organização e gestão do trabalho e, portanto, corroboram para a hegemonia capitalista. Sendo assim, compreender este mecanismo midiático e propor uma ação pedagógica crítica além dos programas curriculares adotados pela maioria das instituições escolares voltados para o mundo do trabalho capitalista pode colaborar para a necessária emancipação do indivíduo frente ao sistema atual.

Deriva dessa experiência o interesse em pesquisar e discutir o papel do cinema de animação frente o publico infanto-juvenil, repensar o sentido conceitual moral e ético das obras de animação no nosso cotidiano, que chegam a nós de várias formas. Assim, propomos  olhar os conceitos do mundo do trabalho muito além da adaptação e da acomodação para o mercado de trabalho, antes trata de identificarmos a mensagem fílmica como estratégia utilizada para interiorização dos mecanismos usados pela nova gestão e organização do trabalho como o trabalho em equipe e o empreendedorismo.

Sendo assim repensar o sentido conceitual moral e ético das obras de animação no nosso cotidiano, que chegam a nós de várias formas, tem como proposta olhar os conceitos do mundo do trabalho muito além da adaptação e da acomodação para o mercado de trabalho... com outro ponto de vista além da resiliência e da resignação profissional e existencial.  

(ATENÇÃO PESSOAL: não postamos na íntegra por ser extenso para um blog, mas que tiver interesse pode deixar seu email nos comentários ou entrar em contato com clauvieira8@yahoo.com.br)



[1] Nota: Fizemos um breve comentário explicativo sobre esse projeto na Introdução e aqui retomamos e aprofundamos o Projeto Tela Crítica organizado pelo professor da UNESP.  



[1] Este capítulo já foi publicado (versão original de Ensaio) na Revista de Sociologia e Cinema disponível no site www.telacritica.org.br .