A diversidade é a característica fundamental da humanidade. Por isso não pode
haver um único modo de produzir e de reproduzir nossa existência no planeta. O
que há de comum é a diversidade humana. Diante da diversidade humana abre-se a
possibilidade da diversidade de mundos possíveis. A um pensamento único não
podemos opor outro pensamento único. Educar para outro mundo possível é educar
para outros mundos possíveis.
- O que é educar para um outro
mundo possível (no plural)?
Antes de mais nada, educar para outros mundos possíveis é visibilizar o que foi escondido para oprimir, é dar voz aos que não são escutados. A luta feminista, o movimento ecológico, o movimento zapatista, o movimento dos sem terra e outros, tornaram visível o que estava invisibilizado por séculos de opressão. Por isso, podemos dizer que são movimentos de educação para um outro mundo possível. Paulo Freire, entre outros, foi um exemplo de educador de outros mundos possíveis, colocando no palco da história o oprimido, visibilizando o oprimido e sua relação com o opressor.
Educar para outros mundos possíveis é educar para conscientizar, para desalienar, para desfetichizar. O fetichismo da ideologia neoliberal é o fetiche da lógica burguesa e capitalista que consegue solidificar-se a ponto de fazer crer que o mundo é naturalmente imutável. O fetichismo transforma as relações humanas em fenômenos estáticos, como se fossem impossíveis de serem modificadas. Fetichizados, somos incapazes de agir porque o fetiche rompe com a capacidade de fazer. Fetichizados apenas repetimos o já feito, o já dito, o que já existe.
Educar para outros mundos possíveis é educar para a emergência do que ainda não é, o ainda-não, a utopia. Assim fazendo, estamos assumindo a história como possibilidade e não como fatalidade. Por isso, educar para outros mundos possíveis é também educar para a ruptura, para a rebeldia, para a recusa, para dizer “não”, para gritar, para sonhar com outros mundos possíveis. Denunciando e anunciando.O neoliberalismo concebe a educação como uma mercadoria, reduzindo nossas identidades às de meros consumidores, desprezando o espaço público e a dimensão humanista da educação. Opondo-se a esse paradigma, a educação para outros mundos possíveis respeita e valoriza a diversidade, convive com a diferença, promovendo a intertransculturalidade. O núcleo central da concepção neoliberal da educação é a negação do sonho e da utopia. Por isso, uma educação para outros mundos possíveis é, sobretudo, a educação para o sonho, uma educação para a esperança.
A mercantilização da educação é um dos desafios mais decisivos da história atual, porque ela sobrevaloriza o econômico em detrimento do humano. Só uma educação emancipadora poderá inverter essa lógica, através da formação para a consciência crítica e para a desalienação. Educar para outros mundos possíveis é educar para a qualidade humana para “além do capital”, como nos disse István Mészáros na abertura da quarta edição do Fórum Mundial de Educação, em Porto Alegre, em janeiro de 2005. A globalização capitalista roubou das pessoas o tempo para o bem viver e o espaço da vida interior, roubou a capacidade de produzir dignamente as nossas vidas. Cada vez mais gente é reduzida a máquinas de produção e de reprodução do capital.
Educar para outros mundos possíveis é fazer da educação, tanto formal, quanto não-formal, um espaço de formação crítica e não apenas de formação de mão-de-obra para o mercado; é inventar novos espaços de formação alternativos ao sistema formal de educação e negar a sua forma hierarquizada numa estrutura de mando e subordinação; é educar para articular as diferentes rebeldias que negam hoje as relações sociais capitalistas; é educar para mudar radicalmente nossa maneira de produzir e de reproduzir nossa existência no planeta, portanto, é uma educação para a sustentabilidade.
Não se pode mudar o mundo sem mudar as pessoas: mudar o mundo e mudar as pessoas são processos interligados. Mudar o mundo depende de todos nós: é preciso que cada um tome consciência e se organize. Educar para outros mundos possíveis é educar para superar a lógica desumanizadora do capital que tem no individualismo e no lucro seus fundamentos, é educar para transformar radicalmente o modelo econômico e político atual.
Não fomos educados para ter uma consciência planetária e sim a consciência do estado-nação. Os sistemas nacionais de educação nasceram como parte da constituição do estado-nação. A escola atual é resultado do pensamento da modernidade, modelada pelos estados-nação. Ela não atende nem as exigências da globalização e nem do seu oposto, isto é, a planetarização como paradigma de uma comunidade una e diversa.
Antes de mais nada, educar para outros mundos possíveis é visibilizar o que foi escondido para oprimir, é dar voz aos que não são escutados. A luta feminista, o movimento ecológico, o movimento zapatista, o movimento dos sem terra e outros, tornaram visível o que estava invisibilizado por séculos de opressão. Por isso, podemos dizer que são movimentos de educação para um outro mundo possível. Paulo Freire, entre outros, foi um exemplo de educador de outros mundos possíveis, colocando no palco da história o oprimido, visibilizando o oprimido e sua relação com o opressor.
Educar para outros mundos possíveis é educar para conscientizar, para desalienar, para desfetichizar. O fetichismo da ideologia neoliberal é o fetiche da lógica burguesa e capitalista que consegue solidificar-se a ponto de fazer crer que o mundo é naturalmente imutável. O fetichismo transforma as relações humanas em fenômenos estáticos, como se fossem impossíveis de serem modificadas. Fetichizados, somos incapazes de agir porque o fetiche rompe com a capacidade de fazer. Fetichizados apenas repetimos o já feito, o já dito, o que já existe.
Educar para outros mundos possíveis é educar para a emergência do que ainda não é, o ainda-não, a utopia. Assim fazendo, estamos assumindo a história como possibilidade e não como fatalidade. Por isso, educar para outros mundos possíveis é também educar para a ruptura, para a rebeldia, para a recusa, para dizer “não”, para gritar, para sonhar com outros mundos possíveis. Denunciando e anunciando.O neoliberalismo concebe a educação como uma mercadoria, reduzindo nossas identidades às de meros consumidores, desprezando o espaço público e a dimensão humanista da educação. Opondo-se a esse paradigma, a educação para outros mundos possíveis respeita e valoriza a diversidade, convive com a diferença, promovendo a intertransculturalidade. O núcleo central da concepção neoliberal da educação é a negação do sonho e da utopia. Por isso, uma educação para outros mundos possíveis é, sobretudo, a educação para o sonho, uma educação para a esperança.
A mercantilização da educação é um dos desafios mais decisivos da história atual, porque ela sobrevaloriza o econômico em detrimento do humano. Só uma educação emancipadora poderá inverter essa lógica, através da formação para a consciência crítica e para a desalienação. Educar para outros mundos possíveis é educar para a qualidade humana para “além do capital”, como nos disse István Mészáros na abertura da quarta edição do Fórum Mundial de Educação, em Porto Alegre, em janeiro de 2005. A globalização capitalista roubou das pessoas o tempo para o bem viver e o espaço da vida interior, roubou a capacidade de produzir dignamente as nossas vidas. Cada vez mais gente é reduzida a máquinas de produção e de reprodução do capital.
Educar para outros mundos possíveis é fazer da educação, tanto formal, quanto não-formal, um espaço de formação crítica e não apenas de formação de mão-de-obra para o mercado; é inventar novos espaços de formação alternativos ao sistema formal de educação e negar a sua forma hierarquizada numa estrutura de mando e subordinação; é educar para articular as diferentes rebeldias que negam hoje as relações sociais capitalistas; é educar para mudar radicalmente nossa maneira de produzir e de reproduzir nossa existência no planeta, portanto, é uma educação para a sustentabilidade.
Não se pode mudar o mundo sem mudar as pessoas: mudar o mundo e mudar as pessoas são processos interligados. Mudar o mundo depende de todos nós: é preciso que cada um tome consciência e se organize. Educar para outros mundos possíveis é educar para superar a lógica desumanizadora do capital que tem no individualismo e no lucro seus fundamentos, é educar para transformar radicalmente o modelo econômico e político atual.
Não fomos educados para ter uma consciência planetária e sim a consciência do estado-nação. Os sistemas nacionais de educação nasceram como parte da constituição do estado-nação. A escola atual é resultado do pensamento da modernidade, modelada pelos estados-nação. Ela não atende nem as exigências da globalização e nem do seu oposto, isto é, a planetarização como paradigma de uma comunidade una e diversa.
Educar para outros mundos possíveis exige dos educadores um
compromisso pela desmercantilização da educação e uma postura ecopedagógica de
escuta do universo, do qual todos e todas fazemos parte. Os educadores não
devem dirigir-se apenas a alunos ou a educandos, mas aos habitantes do planeta,
considerando-os a todos e a todas como cidadãos da mesma Mátria.
A terra é nosso primeiro grande educador. Educar para outros mundos possíveis é também educar para encontrar nosso lugar na história, no universo. É educar para a paz, para os direitos humanos, para a justiça social e para a diversidade cultural, contra o sexismo e o racismo. É educar para erradicar a fome e a miséria. É educar para a consciência planetária. É educar para que cada um de nós encontre o seu lugar no mundo, educar para pertencer a uma comunidade humana planetária, para sentir profundamente o universo.
É educar para a planetarização não para o globalismo. Vivemos num planeta e não num globo. O globo refere-se a sua superfície, a suas divisões geográficas, a seus paralelos e meridianos. O globo refere-se a aspectos cartoriais, enquanto o planeta, ao contrário dessa visão linear, refere-se a uma totalidade em movimento. A terra é um superorganismo vivo e em evolução. Nosso destino, enquanto seres humanos, está ligado ao destino desse ser chamado terra. Educar para outros mundos possíveis é educar para ter uma relação sustentável com todos os seres da terra, sejam eles humanos ou não.
É educar para viver no cosmos – educação planetária, cósmica e cosmológica – ampliando nossa compreensão da terra e do universo. É educar para ter uma perspectiva cósmica. Só assim poderemos entender mais amplamente os problemas da desertificação, do desflorestamento, do aquecimento da Terra, da água, do lixo e dos problemas que atingem humanos e não-humanos.
A terra é nosso primeiro grande educador. Educar para outros mundos possíveis é também educar para encontrar nosso lugar na história, no universo. É educar para a paz, para os direitos humanos, para a justiça social e para a diversidade cultural, contra o sexismo e o racismo. É educar para erradicar a fome e a miséria. É educar para a consciência planetária. É educar para que cada um de nós encontre o seu lugar no mundo, educar para pertencer a uma comunidade humana planetária, para sentir profundamente o universo.
É educar para a planetarização não para o globalismo. Vivemos num planeta e não num globo. O globo refere-se a sua superfície, a suas divisões geográficas, a seus paralelos e meridianos. O globo refere-se a aspectos cartoriais, enquanto o planeta, ao contrário dessa visão linear, refere-se a uma totalidade em movimento. A terra é um superorganismo vivo e em evolução. Nosso destino, enquanto seres humanos, está ligado ao destino desse ser chamado terra. Educar para outros mundos possíveis é educar para ter uma relação sustentável com todos os seres da terra, sejam eles humanos ou não.
É educar para viver no cosmos – educação planetária, cósmica e cosmológica – ampliando nossa compreensão da terra e do universo. É educar para ter uma perspectiva cósmica. Só assim poderemos entender mais amplamente os problemas da desertificação, do desflorestamento, do aquecimento da Terra, da água, do lixo e dos problemas que atingem humanos e não-humanos.
Os paradigmas clássicos, arrogantemente antropocêntricos e
industrialistas, não têm suficiente abrangência para explicar essa realidade
cósmica. Por não ter essa visão holística, não conseguiram dar nenhuma resposta
para tirar o planeta da rota do extermínio e do rumo da cruel diferença entre
ricos e pobres. Os paradigmas clássicos estão levando o planeta ao esgotamento
de seus recursos naturais. A crise atual é uma crise de paradigmas
civilizatórios. Educar para outros mundos possíveis supõe um novo paradigma, um
paradigma holístico.
(Fonte: Revista Fórum)
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