Olá pessoal!!!
Demoramos para nova postagem apesar das LIVES, dos ENCONTROS, das PALESTRAS e alguns CURSOS GRATUITOS que rolaram nas redes sociais. E depois desse tempo todo não dava pra ser qualquer postagem, concordam?
Não trouxemos uma animação mas algumas visões sobre algumas animações e uma dica de como o contexto histórico delas podem ser encontradas quando nos utilizamos das Ciencias Humanas e suas tecnologias, como falam os especialistas em educação escolar.
Mas essa postagem é todo (a) qualquer cinéfilo por desenhos animados. Então, brindem sua leitura com duas ideias e aproveitem o texto.
O capítulo 3 do livro O mundo do trabalho
através do cinema de animação – volume 1
CINEMA DE ANIMAÇÃO: ENTRETENIMENTO E IDEOLOGIA
DO CAPITAL NA FORMAÇÃO INFANTO-JUVENIL[1]
A
intenção desse capítulo é propor reflexões iniciais sobre as obras de animação,
particularmente as produzidas nos Estados Unidos da América (EUA) e suas
mensagens a certo tipo de público: infanto-juvenil, na virada do século XX para
o XXI.
Quando pensamos
em cinema de animação ou no consumo dessa forma de produção é comum imaginar que
este é um dos poucos momentos que a família - todos em qualquer idade – possa
aproveitar instantes de lazer e, às vezes, cultura com censura livre e sem
preocupações. Mas podemos mesmo ter consentimento inanimado diante do
animado? Como e o que as produções
cinematográficas, em particular as de animação, têm apresentado sobre o mundo
do trabalho e suas relações para as crianças? É possível desvelar nos conceitos
abordados e apresentados nessas obras os interesses e objetivos na formação de
um tipo de cidadão? Que papel e importância devem ser dadas ao cinema de
animação dentro da História do Cinema? Esse tipo de produção está voltado ao
lazer ingênuo e despretensioso ou pode ser visto dentro de um contexto
histórico com influência social, política, ideológica e cultural?
São
inúmeros os questionamentos que podemos fazer na busca de compreender a
dialética do entretenimento e a mensagem explícita e, sobretudo, implícita que
invade as relações sociais na sua dimensão afetiva e particular, mais,
especificamente, nos lares e, no caso do cinema de animação, na formação
infanto-juvenil, já que este atua como um importante substrato cultural e até
mesmo em modelos. É comum observar os comportamentos de crianças e adolescentes
embasados em algum modelo de “herói”, construído a partir da interiorização de
caricatura de determinados personagens.
Assim
quando o espectador - que preferimos usar o termo sujeito-receptor – pretende
de forma consistente e embasada realizar uma análise critica persuasiva desse
tipo de obra deve ampliar seu conhecimento e olhar sobre cinema (incluindo o de
animação) envolvendo sua história,
produções, época, custos, gêneros, etc. para que se instrumentalize dos
elementos que possibilitem a análise e síntese, e dessa forma se afaste do
perigo da manipulação.
Quando falamos
ou pensamos em cinema, em geral, a primeira imagem que vem a mente da maioria é o tapete vermelho, holofotes,
paparazzos, fotógrafos de revistas e jornais, fãs e, entre outros, o glamour do
mundo da fama. E é isso mesmo que ocorre/existe numa indústria liderada por
Hollywood que além de monopolizar o mercado de entretenimento e produção cultural
e fílmica, procura padronizar vidas e sonhos.
Mas o
cinema é muito mais que lucro, deslocalização/relocalização nas produções,
vendas de réplicas de produções, informática (internet), DVDs... e sua
utilidade social é dispare e discutível.
O filme
tem se tornado um importante mecanismo tanto para a internalização de
determinada ideologia quanto para o seu questionamento ou desvendamento.
Interessa destacar o seu uso como interpelação, explicação ou contra-posição a
determinada realidade. Nesse sentido, autentica experiência brasileira vem
sendo desenvolvida pelo Professor Giovanni Alves, da UNESP de Marília, que por
meio da análise crítica de filmes, tem dissecado os dramas que dissertam acerca
do mundo do trabalho e mostrado como é possível fazer o uso do cinema no
processo de formação acadêmica e também de lideranças sociais e políticas. Dessa maneira, a partir da participação no
projeto Tela Crítica[1],
desenvolvido por Alves, temos trabalhado em sala-de-aula, especificamente, com
alunos do Ensino Médio, as análises de filme, que versam sobre os temas
pertinentes ao mundo do trabalho capitalista na formação e preparo para o
mercado de trabalho. Buscamos identificar e discutir -numa perspectiva crítica
- os conceitos ideológicos apresentados (e impostos) pelos filmes, que apesar
de voltados ao público infanto-juvenil, são carregados da ideologia da
organização e gestão do trabalho e, portanto, corroboram para a hegemonia
capitalista. Sendo assim, compreender este mecanismo midiático e propor uma
ação pedagógica crítica além dos programas curriculares adotados pela maioria
das instituições escolares voltados para o mundo do trabalho capitalista pode
colaborar para a necessária emancipação do indivíduo frente ao sistema atual.
Deriva
dessa experiência o interesse em pesquisar e discutir o papel do cinema de
animação frente o publico infanto-juvenil, repensar o sentido conceitual moral
e ético das obras de animação no nosso cotidiano, que chegam a nós de várias
formas. Assim, propomos olhar os
conceitos do mundo do trabalho muito além da adaptação e da acomodação para o
mercado de trabalho, antes trata de identificarmos a mensagem fílmica como
estratégia utilizada para interiorização dos mecanismos usados pela nova gestão
e organização do trabalho como o trabalho em equipe e o empreendedorismo.
Sendo assim repensar o sentido conceitual moral e ético das obras de animação no nosso cotidiano, que chegam a nós de várias formas, tem como proposta olhar os conceitos do mundo do trabalho muito além da adaptação e da acomodação para o mercado de trabalho... com outro ponto de vista além da resiliência e da resignação profissional e existencial.
(ATENÇÃO PESSOAL: não postamos na íntegra por ser extenso para um blog, mas que tiver interesse pode deixar seu email nos comentários ou entrar em contato com clauvieira8@yahoo.com.br)
[1]
Nota: Fizemos um breve
comentário explicativo sobre esse projeto na Introdução e aqui retomamos e
aprofundamos o Projeto Tela Crítica organizado pelo professor da UNESP.
[1]
Este capítulo já foi publicado (versão original de Ensaio) na Revista de
Sociologia e Cinema disponível no site www.telacritica.org.br .
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