Não queremos aqui falar como todos (e novamente) sobre pandemia e mortes e "novo" normal... Mas a postagem de hoje faz uma reflexão belíssima e sensível sobre FAMÍLIA, sobre o sentido de ESTAR VIVO, o sentido de MORRER e a vida permanente que pulsa em todos nós a cada instante. As tristezas e depressões que tanto se fala hoje, e salientadas em nós direta ou indiretamente, também podem ser enfrentadas com mergulhos na alma. Sim, como se no íntimo fossemos repleto de gotas de vida e experiencias...
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“Se algo acontecer...Te amo”
Direção: Will McCormak e Michael Govier
Duração:12 minutos
Ano:2020
País: EUA
O curta-metragem “Se algo acontecer...Te amo” foi lançado na plataforma de
streaming Netflix, no dia 20 de dezembro de 2020, e fez um sucesso
inesperado.
Envolvente em toda a sua trama, o curta inicia-se na refeição de um casal
distante - não só fisicamente -, com suas sombras discutindo sobre a mesa,
representando as emoções, os sentimentos que não se permitem exprimir.
Com o decorrer da narrativa, nos é revelado que, a barreira que se ergueu
entre o casal foi a perda - precoce - de sua filha, vítima de um tiroteio
ocorrido na escola em que estudava.
As cores utilizadas para compor os cenários contribuem para a ideia de
melancolia, da perda de vida em que todos os cantos da casa se submeteram,
devido à ausência da criança.Variações de preto, branco e cinza. Até que
uma nova cor quebra a monocromia. Azul. A cor que simboliza a harmonia
vem à tona, em meio ao caos, na medida em que o casal passa a se lembrar
da filha, mas lembrar-se dela junto deles, brincando, em dias vistos como
monótonos até se perderem no tempo, transformando-se em meras
lembranças.
Quanto mais eles pensavam nela, mais cores apareciam, cores quentes,
simbolizando felicidade, até que, em meio às memórias, se recordam do
momento em que a menina saía de junto deles para ir à escola. As cores
somem e as sombras retornam, tentando desesperadamente - e inutilmente -
impedi-la de chegar até a escola. Então a música é interrompida por um
silêncio incômodo seguido de tiros, gritos de crianças e sirenes.
Neste ponto da narrativa, as sombras retornam, mas com uma a mais dessa
vez. A sombra da criança, tentando com todas as forças - e com êxito -
aproximar os pais novamente. (Autora: Bianca Vissicaro)
No decorrer dos fatos, o curta aborda os cinco estágios do luto:
1. A negação e o isolamento (representado pela distância do casal)
2. A raiva (quando suas sombras discutem sobre a mesa em que eles
comem em total silêncio)
3. A barganha (quando ambos tentam impedir que a filha chegue até a
escola)
4. A depressão (que, neste caso, inclui os sentimentos de debilitação,
tristeza, solidão e saudade, quando as sombras caminham em sentidos
opostos ao perceberem que não conseguiram impedi-la)
5. E, por fim, a aceitação (quando a sombra da garotinha finalmente
consegue aproximar os pais, que então, choram juntos a ausência de
seu raio de sol). (Referencia: https://www.vittude.com/blog/cinco-estagios-do-luto/)