Mesmo depois dos protestos, uma
empresa alemã decidiu continuar com a remoção de parte da histórica estrutura
na capital alemã.
Uma empresa de construção civil alemã enfrentou diversos protestos
no início deste mês por querer transferir parte do Muro de Berlim para um
jardim. A deslocação de perto de 30 metros da histórica estrutura foi
justificada com a construção de uma estrada de acesso a um futuro condomínio de
luxo. Esta quinta-feira, ainda de madrugada, foi feita a remoção dos últimos
cinco metros.
Esta não foi a primeira vez que
uma decisão semelhante foi tomada, mas deixou os berlinenses indignados por ter
como único fim a construção de um acesso a um complexo de edifícios de luxo
junto ao rio Spree.
No início do mês, a empresa de
construção civil tinha já conseguido retirar 23 metros do muro, mas os
protestos dos habitantes fizeram com que o presidente da câmara pedisse para
negociar uma alternativa com a empresa responsável pelas obras. Depois de
quatro semanas de negociações sem resultados, o responsável pelo projeto
decidiu avançar. E avançou “às escondidas”, como disse o líder de um grupo de
artistas da East Side Gallery, nome dado à porção de muro de onde foi retirada
a secção. “Não acredito que vieram aqui à noite às escondidas. Só vêem dinheiro.
Não entendem a relevância histórica e a arte deste sítio”, acrescentou Kani
Alavi, citado pelo The Guardian.
A remoção de quase cinco metros
do muro foi feita na madrugada de quinta-feira, pelas 5h locais (4h em Lisboa),
com a proteção de cerca de 250 polícias alemães. “Se tiram daqui o muro, estão
a tirar a alma da cidade”, disse um dos moradores da zona.
O Muro de Berlim começou a ser
demolido a 9 de Novembro de 1989. O que restou foi pintado por cerca de 120
artistas. A East Side Gallery é o pedaço de muro mais comprido do que resta do
original, com 1,3 quilômetros de comprimento, e é considerada uma obra de arte.
Hoje, é o segundo monumento alemão mais visitado em Berlim.
(Fonte: RODRIGUES,
Pedro Nunes. Disponível aqui)